Saiba mais sobre a epidemia da aids em Campinas:

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS ATÉ NOVEMBRO DE 2008*

PROGRAMA MUNICIPAL DE DST/AIDS, Núcleo de Saúde Coletiva.
SECRETARIA DE SAÚDE – Prefeitura de Campinas


A epidemia de aids em Campinas apresenta um total acumulado de 5.468 casos notificados, sendo destes 5327 em adultos e 141 casos em crianças (menores de 13 anos), de 1982-2008*.

Os dados avaliados dizem respeito aos casos de aids notificados, de residentes em Campinas, de 1980 a 12 de novembro de 2008 (fonte SINAN-W e SINAN-NET), estando os últimos 5 anos ainda sujeitos à revisão.

Observe-se que estes dados se referem ao número de pessoas com critérios para notificação por aids, e não se refere àquelas que são portadoras assintomáticas do HIV.

A tendência de declínio dos índices da epidemia verificada nas análises do Ministério da Saúde a partir dos últimos oito anos apresenta-se de forma diferente no Município de Campinas, com a análise de franco declínio (na cidade) já a partir do ano 2000.

No entanto, a diminuição da velocidade de crescimento da epidemia, se dá as custas de intensivos trabalhos e abordagens de prevenção junto às populações mais vulneráveis, realizados ao longo dos anos 90 e com impacto perceptível a partir do ano de 2000, justamente no perfil de vulnerabilidade populacional objeto da priorização das ações, que foi o trabalho junto a HSH (homens que fazem sexo com homens) e UDIs (usuários de drogas injetáveis), com intensificação e investimento nas tecnologias laboratoriais e controle de qualidade dos Bancos de Sangue em todo o País.

O declínio da velocidade de crescimento hoje observado é decorrente de ações realizadas ao longo de dez anos sobre um perfil de vulnerabilidade populacional distinto da concentração da prevalência atual da aids.

É importante ressaltar que entre homens e mulheres heterossexuais, independente da faixa etária, a epidemia está em crescimento.

A epidemia de aids em Campinas mostra o seguinte quadro de novos casos diagnosticados nos últimos 5 anos:

Total de casos notificados por ano, somadas todas as faixas etárias:

334 em 2003,
298 em 2004,
283 em 2005,
257 em 2006,
218 em 2007 e 117 casos no ano de 2008, dados preliminares.

ANO 2007: Total de 218 casos notificados, sendo 214 adultos e 4 menores que 13 anos.

No período, a razão de sexo foi de 2/1, sendo 140 homens e 78 mulheres.

Três faixas etárias concentram o número de casos, entre homens e mulheres: Os índices de incidência (número de casos/pop de 100 mil habitantes) foram respectivamente de 54.4 casos de aids/100.000 habitantes para a faixa de 30 a 39 anos, onde se concentram em maior proporção as mulheres; de 33,9 casos de aids/100.000 habitantes para a faixa de 40-49 anos onde se concentram em maior proporção os homens; e, de 19,7casos de aids/100.000 habitantes para a faixa de 50 ou mais anos.

ANO 2008: Total de 117 casos notificados até data de 12/11/08, sendo 115 adultos e 2 menores que 13 anos.

Mantida a razão de sexo em 2/1, sendo 83 homens e 34 mulheres no total. Os índices de incidência (número de casos/pop de 100 mil habitantes) também se apresentam maiores na faixa etária de 30-39 anos (29), seguidos de 40-49 anos (15,9) e 11,1 entre os com 50 anos ou mais.

(Total de Casos Acumulados, 1982-2008*).

Análise por Faixa Etária

O predomínio da concentração dos casos notificados a partir de 1982, persiste na faixa etária de 30-39 anos. No entanto, vale observar que se analisada separadamente a primeira década da epidemia, 80/90, a maior incidência se encontra nas faixas etárias mais jovens, entre 20-29 anos, com predomínio majoritário de casos entre homens.

A incidência nas faixas etárias de 13-19 anos no município de Campinas, vem diminuindo consistentemente ao longo dos anos, e caracteriza importante diferença do perfil da epidemia apresentado nesse município quando comparado à análise do perfil da epidemia na média nacional; lá, de acordo com o PNDST/Aids do Ministério da Saúde, existe aumento do número de casos entre 13-19 anos, em especial entre mulheres.
Embora o volume de casos nas faixas de 50-59 anos e 60 anos ou mais seja relativamente pequeno se comparado às outras faixas etárias, é importante observar que, a partir do ano de 2000, a velocidade de crescimento da incidência (n° de casos a cada 100.000 habitantes) nessas faixas etárias chega a 5 vezes maior, ou seja, ela cresce cinco vezes mais rápido, quando comparada às outras faixas.

Para entendermos o raciocínio e a importância dessa informação, é necessário o seguinte exercício:

Se, o número de casos acumulados entre 1980 e 1999, nas faixas etárias de 50-59 anos e 60 anos ou mais, foi um total de 142; ou seja, num período de aproximadamente 20 anos de epidemia, o número total de casos de Aids incidente na terceira idade foi de 142, vemos que ao analisarmos o período compreendido entre os anos de 2000 e 2008*, o número total de casos de Aids notificados na terceira idade foi de 236; portanto, num período menor que 10 anos (2000 a 2008), o número de casos foi praticamente três vezes maior!

* Dados parciais até novembro/2008, sujeitos à revisão.

Análise por Categoria de Exposição e Sexo

Entre os casos acumulados de AIDS em adultos, 62,1% ocorreram na categoria de transmissão sexual; a categoria de transmissão sanguínea foi, no mesmo período, responsável pela notificação de 37,9% dos casos.
No entanto, o perfil da epidemia, sofreu contínua e distintas transformações ao longo dos 28 anos compreendidos entre 1980 e 2008, quanto à forma de transmissão do vírus HIV e, conseqüente adoecimento por aids.

Na primeira década, 80-90, a quase totalidade dos casos de Aids notificados, ocorreu entre homens, através da categoria de transmissão Sexual entre Homossexuais sendo, no mesmo período, a categoria de exposição sanguínea entre usuários de drogas injetáveis e transfundidos a segunda causa da aids.

Na primeira metade da década de 90, 1990 a 1995, houve inversão do quadro acima e, por aproximadamente cinco anos, observou-se a diminuição consistente do número de casos entre HSHs e o aumento importante entre UDIs que consistiu na primeira causa de aids no município de Campinas no período.

Os casos de transmissão sanguínea por transfusões de sangue e hemoderivados se encontram em contínua queda até os dias de hoje, a partir do investimento maciço do controle de qualidade e inovação tecnológica nos bancos de sangue do Brasil.

Na segunda metade da década de 90, até meados de 2000, a epidemia caracterizou um perfil de declínio consistente dos casos de aids entre UDIs e entre HSHs, mantendo a diminuição da velocidade de crescimento e a concentração dos casos nas faixas etárias do adulto jovem, 30 a 49 anos. Neste período, a razão de sexo era de 3/1, respectivamente para homens e mulheres, embora para as últimas a faixa etária de maior incidência fosse 5 a 10 anos mais jovem, se concentrando na faixa de 20 a 29 anos.

A Epidemia da aids na atualidade

A partir de 2000 a epidemia de aids em Campinas caracteriza, sem sombra de dúvidas, o perfil de queda consistente do número de casos totais ano a ano, e:

1. Concentração do número de casos de aids notificados na categoria de transmissão sexual entre homens e mulheres heterossexuais, majoritariamente nas faixas etárias de 30 a 49 anos, sendo essa categoria de transmissão, a primeira causa da aids;

2. Diminuição da razão de sexo, homens e mulheres, de 3/1 para 2/1, se considerados o total de casos notificados no período e, tendência de inversão da razão de sexo, mulheres e homens, de 2/1 quando analisamos somente a primeira causa da aids em Campinas, que é a transmissão sexual entre heterossexuais; ou seja, é possível que nos próximos anos existam duas mulheres heterossexuais notificadas por aids para cada homem heterossexual notificado por aids, nas faixas etárias de 30 a 49 anos.

3. Aumento da velocidade de crescimento da epidemia na terceira idade, entre heterossexuais, em especial entre as mulheres compreendidas nas faixas etárias entre 50-59 anos e 60 anos ou mais; a velocidade de crescimento da epidemia na terceira idade é até cinco vezes maior em relação às demais faixas etárias;

4. Recrudescimento da epidemia entre HSH, especificamente nas faixas etárias mais jovens, entre 20 e 30 anos.

Análise da Escolaridade

O perfil de escolaridade apresenta-se semelhante aos dados apresentados na análise do Programa Estadual de DST/Aids informados recentemente.
A maioria dos casos notificados, apresenta 8 anos e mais de estudo formal (26,3%). Em 2007, 6,6% dos casos apresentavam pelo menos 1 a 3 anos de estudo e 44,9% mais de 8 anos. A mesma análise é válida quando se observa, o mesmo quesito, por sexo.

Análise do Quesito Raça/Cor

Dos dados disponíveis, que obtiveram qualificação do registro ao introduzir a informação auto-referida somente em meados de 2006, observa-se à maioria dos casos uma concentração na raça/cor Branca (24,8%), seguidos da raça/cor Parda (6,8%) e, com menor concentração na raça/cor Preta (4,5%). Não se observa diferença significativa destas proporções ao analisar os mesmos quesitos entre os sexos ou faixas etárias.